A Dama de Papel, obra de Catarina Muniz, transporta o leitor para o intrigante universo da Londres do século XIX. Através da história de Melinda Scott Williams, uma jovem da burguesia que se transforma na sedutora Molly, a autora explora temas como liberdade, desejo e os desafios enfrentados pelas mulheres em uma sociedade marcada por normas rígidas.
Com uma narrativa envolvente e personagens complexos, A Dama de Papel nos faz refletir sobre as escolhas que moldam nossas vidas e os sacrifícios que muitas vezes são feitos em nome da autonomia. Este romance não apenas cativa pela intensidade de suas emoções, mas também pela profundidade com que aborda questões de gênero e identidade.
Molly atrai homens de todas as idades e classes sociais com sua liberdade. Essa liberdade, no entanto, tem um preço alto, mas Molly está disposta a não abri mão dela.
Diferente do que se esperaria de uma prostituta da época, Molly vem de uma família tradicional. Seu nome verdadeiro é Melinda Scott Williams, a filha mais velha de uma família da burguesia. Ao descobrirmos essa informação, surge a pergunta: o que levaria uma jovem como ela a abandonar o conforto e o luxo para viver na miséria da prostituição? A resposta é simples: Melinda não suportava a ideia de estar presa sob a autoridade de alguém, mais especificamente de um marido.
Os casamentos arranjados, comuns na época e vistos como negócios lucrativos, levaram Melinda a ser prometida a Albert, um importante financeiro. Entre casar com ele e perder sua liberdade ou fugir sem saber o que a aguardava, Molly escolheu a segunda opção e acabou por acaso no prostíbulo que agora administrava.
A Dama de Papel: liberdade e desejo
Molly aprendeu, aos poucos, a usar sua ousadia e liberdade sexual. Embora a jornada não tenha sido fácil, ela se tornou a ‘mulher de vida fácil’ mais procurada do local, justamente por ser indomável e diferente das mulheres que os homens estavam acostumados.
Sua fama se espalhou, e foi por meio de narrativas detalhadas de alguns clientes que Charles O’Connor, um advogado inteligente e charmoso, chegou até ela. Charles, marido e pai, começou a visitar Molly em busca apenas de prazer. No entanto, suas visitas tornaram-se mais frequentes, e ele se viu cada vez mais envolvido com a prostituta. A relação entre os dois intensificou-se e, pela primeira vez, Molly sentiu algo por um cliente que nunca havia sentido antes. A paixão de Charles, embora intensa, trouxe ciúmes que muitas vezes o levaram a querer que Molly fosse apenas sua. Mas, mesmo assim, ela não abriria mão de sua liberdade.
“Molly levantou e, devagar, aproximou-se dele. Olhou no fundo do mar azul daqueles olhos. Como era sublime tê-lo por perto novamente. Como era gratificante o odor do seu hálito, sua barba, seus cabelos”.
Esse é apenas o começo de um romance erótico que foge do clichê, evitando ser vulgar ou apelativo. A narrativa torna-se mais interessante a cada capítulo. Catarina soube descrever com precisão o contexto inglês em que os personagens vivem, o que é crucial, assim como as cenas de sexo, que são equilibradas, evitando ser explícitas demais ou vagas.
A Dama de Papel aborda claramente questões de gênero, destacando os papéis destinados às mulheres da época. Para mim, essa ênfase foi marcante. Em suma, o livro me surpreendeu! Fiz uma leitura rápida, sem dificuldades com a escrita da autora. Recomendo esta leitura para quem aprecia romances que não são apenas doces e mornos, mas sim histórias de amor mais ousadas. Vale ressaltar que as cenas de sexo são intensas, então não indicaria para menores de 16 anos. Boa leitura!
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A dama de papel
Catarina Muniz
Gênero: Ficção
Editora: Universo dos Livros
Número de Páginas: 256
Edição: 2015
Avaliação: ★★★ ★
Sinopse: Localizado na zona periférica de Londres em meados do século XIX, o bordel de Molly está sempre repleto de fregueses: ricos e pobres, magnatas e operários. O que nenhum deles sabe – nem mesmo as outras trabalhadoras do estabelecimento – é que a dona do prostíbulo optara por ser “mulher da vida fácil” após fugir de um casamento forçado, abrigando-se nas entranhas de um cortiço na busca indelével por liberdade. Certa vez, no entanto, Molly é inebriada pelas propostas de um cliente: Charles O’Connor, o herdeiro de um império têxtil, deseja que ela seja somente sua. Molly, arrebatada pelas sensações provocadas pelo novo amante, se vê obrigada a questionar o modo de vida que conduzira com orgulho até então, além de testar os limites da liberdade obtida a duras penas. Entregues à avassaladora paixão e à incrível química sexual que os unem, Molly e Charles precisarão enfrentar as represálias sociais e a moral conservadora da época para dar continuidade a este amor proibido. Mas terão de pagar um preço alto por suas decisões.