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A mulher na janela | A. J. Finn

por Nilda de Souza

A Mulher na Janela, A. J. Finn, Editora Arqueiro, conta a história de Anna Fo, que sofre de agorafobia, um transtorno de ansiedade que a impede de sair de casa e a leva a experimentar crises de pânico. Além disso, ela também lida com o alcoolismo, o que complica ainda mais sua situação e afeta sua percepção da realidade. Anna não sabe se o que presenciou foi real ou fruto de alucinações causadas pelos remédios e o consumo excessivo de vinho, que dominam seus dias e noites.

As escolhas narrativas de A Mulher na Janela resultam em um livro com méritos e defeitos. Compreender essas escolhas foi crucial para eu decidir se a leitura valeu a pena ou não. Inicialmente, pensei que a trama trataria de um possível crime testemunhado por uma mulher doente, mas, na verdade, a narrativa se foca em uma mulher doente que talvez tenha presenciado um assassinato. Essa inversão, no entanto, não é tão eletrizante quanto eu esperava.

A mulher na janela: agorafobia é um transtorno de ansiedade

A Dra. Anna Fox sofre de agorafobia, e metade do livro foca quase exclusivamente nessa questão. Embora não seja desagradável ler sobre o transtorno de pânico da protagonista, os elementos de suspense não foram empolgantes para mim. Senti que houve um erro no cálculo do delicado jogo de tensão e distensão — na escolha dos momentos certos para velar ou revelar informações ao leitor.

Ao longo da narrativa, descobrimos que Anna está separada do marido e da filha. As razões para essa separação e para o surgimento de sua doença são reveladas gradualmente. A protagonista passa os dias bebendo vinho, tomando mais remédios do que o recomendado, assistindo a filmes antigos em preto e branco, e tentando ajudar estranhos com problemas semelhantes aos seus pela internet. Ela também tem um hobby peculiar: espionar os vizinhos com sua câmera Nikon D5500.

“Espionar é como fotografar a natureza: a gente não interfere no que está vendo.”

Uma das partes que mais me cativou foram as referências a filmes antigos. Marquei todos e espero assisti-los algum dia; já vi alguns, inclusive. O humor da protagonista também é um ponto interessante.

Eu, que sou péssima em desvendar mistérios em filmes e livros, não tive dificuldade em entender o que estava acontecendo em A Mulher na Janela. Acredito que Anna deveria ter parado de beber e controlado seus remédios muito antes — assim, ela também teria percebido tudo mais cedo.

Outro ponto previsível foi o motivo pelo qual a família de Anna não estava com ela. Tudo indicava aquele desfecho, que não trouxe uma reviravolta surpreendente, assim como o desfecho do possível assassinato.

Empatia: sou claustrofóbica

A Mulher na Janela foi uma leitura agradável, principalmente pela protagonista, que é interessante e muito bem construída. Suas crises de ansiedade me afetaram profundamente, pois sou claustrofóbica, e era impossível não sentir empatia pela Dra. Fox. Continuei a leitura até o final porque a vida e o transtorno da personagem me prenderam.

“Houve um tempo em que minha mente era um arquivo muito bem organizado. Hoje é um acúmulo de papéis levados pelo vento.”

Anna sofre de um transtorno terrível. Além disso, é viciada em álcool, embora ainda não tenha plena consciência disso. Acredito que a história falhou em não abordar de forma mais clara essa questão do alcoolismo. No entanto, Anna é uma personagem culta, inteligente e com um humor afiado. Para mim, A Mulher na Janela funcionou mais como um drama do que como um suspense.

Os personagens secundários, por outro lado, não foram bem desenvolvidos, o que dificultou a criação de empatia com eles.

A Mulher na Janela faz referências sutis a diversos filmes além dos clássicos. A protagonista, Anna, assiste a filmes como Janela Indiscreta(1954) de Alfred Hitchcock, que é uma grande influência na narrativa. Além disso, há menções a filmes de suspense e mistério que exploram temas de vigilância e isolamento.

A protagonista viver sozinha em uma casa, espionando a vida dos vizinhos, tornando-se uma presa fácil — uma ambientação que remete diretamente ao filme Janela Indiscreta. Um detalhe adicional é que Anna tem um inquilino misterioso morando no porão. Além disso, há outros momentos que lembram o estilo hitchcockiano, como a cena do possível assassinato.

Essas referências não apenas enriquecem a história, mas também ajudam a contextualizar a experiência de Anna, refletindo suas ansiedades e a percepção distorcida da realidade. O uso de elementos cinematográficos serve para aprofundar a atmosfera de tensão e dúvida presente na obra. 

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