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Dez coisas que aprendi sobre o amor | Sarah Buter

por Amanda Melo

“Você não pode sentir saudades de alguém que você nunca conheceu. Mas sinto saudade de você”

Aline é uma garota estranha, mas inteligente! Dentre as coisas que ela mais gosta de fazer estão viajar e externar listas de várias coisas acerca da sua vida. Seu passado é um tanto conturbado, a moça sempre se culpou pela morte da mãe, em um acidente de carro. Com quase trinta anos, ela recebe a noticia de que seu pai está morrendo, então terá que voltar para Londres, sua cidade. Aquela casa, aquele lugar a faz lembrar de uma infância difícil.

“Minha mãe morreu quando eu tinha quatro anos. Ela devia estar indo me pegar na aula de balé. Lembro-me de estar no hall da igreja segurando uma bolsa rosa com uma bailarina bordada na frente, ouvindo a música da aula seguinte e os pés das meninas no piso de madeira, esperando. Tudo fica borrado, então, exceto pelo rosto do papai, pálido e assustado – o modo como ele me olhou como se não soubesse quem eu era.”

Daniel, pai de Aline, está à beira da morte. Em alguns capítulos conhecemos o que ele gosta, sua realidade e sua mania de listar as coisas que gosta e o que vê. Tem uma personalidade parecida com a de sua filha, mas lamenta por não ter tido a oportunidade de vê-la crescer. Sua dura vida como morador de rua, o fez aprender da pior maneira. Ele é assolado pela culpa de ter perdido a mulher e em consequência a sua filha.

Dez coisas que aprendi sobre o amor tem uma narrativa complexa, com dois personagens estranhos e intensos. No início, foi difícil me apegar a história, por causa tenacidade de solidão e culpa que as duas personagens carregam. Ao criar listas sobre diversas coisas, eles acabam que aliviando as suas tensões e tentando vê o melhor que o mundo pode oferecer através das inúmeras viagens que fizeram.

“Uma vez que tenha me apaixonado, acho quase impossível me desapaixonar; aprendi isso sobre mim mesmo. Não é algo que torne a vida mais fácil.”

Nos primeiros capítulos conhecemos um pouco das duas personagens, tanto características físicas quanto psicológicas. Mesmo que ambos não se conhecessem, fica evidente que a personalidade e os gostos são parecidos (tal pai, tal filha…)

O que mais comove é o fato do pai sempre andar com um papel e um envelope no intuito de escrever sempre e sempre apenas um nome! É chocante toda reviravolta que ocorre em sua vida, até ele se tornar um morador de rua.

Por outro lado, Aline me pareceu bem forte no início, até mesmo porque ela sempre procurava alguma forma de fugir do seu passado. As coisas mudam quando ela tem de voltar para Londres depois de receber a notícia sobre o pai. O enredo, apesar de complexo, tem uma escrita impecável, que nos deixa mais próximos das personagens no clímax. Os capítulos são alternados entre a visão de Daniel e da Aline, e sempre se iniciam com uma lista de dez coisas sobre temas variados.

Acredito que este foi um dos livros mais intensos que já li, com uma reflexão que nos muda por completo após a leitura. Temi o desfecho por ser previsível, mas no fim acabei me enganando e me surpreendi com o amadurecimento de Aline. Recomendo a leitura para aqueles que prestigiam uma narrativa intensa, norteada por um tema principal: culpa.

 

Dez coisas que aprendi sobre o amor

Sarah Butler

Gênero: Drama
Editora: Novo Conceito
Número de Páginas: 256
Ano: 2015
Avaliação: ★★★ ★

* Livro cedido em parceria com a editora.
Sinopse:Por quase 30 anos, quando a brisa de Londres torna-se mais quente, Daniel caminha pelas margens do Tâmisa e senta-se em um banco. Entre as mãos, tem uma folha de papel e um envelope em que escreve apenas um nome, sempre o mesmo. Ele lista também algumas coisas: os desejos e o que gostaria de falar para sua filha, que ele nunca conheceu. Alice tem 30 anos e sente-se mais feliz longe de casa, sob um céu estrelado, rodeada pela imensidão do horizonte, em vez de segura entre quatro paredes. Londres está cheia de memórias de sua mãe que se fora muito cedo, deixando-a com uma família que ela não parece fazer parte. Agora, Alice está de volta porque seu pai está morrendo. Ela só pode dar-lhe um último adeus. Alice e Daniel parecem não ter nada em comum, exceto o amor pelas estrelas, cores e mirtilos. Mas, acima de tudo, o hábito de fazer listas de dez coisas que os tornam tristes ou felizes. O amor está em todas as partes desta história. Suas consequências também. Sejam boas ou más. Até que ponto uma mentira pode ser melhor do que a verdade?

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