Em um mundo onde segredos se escondem nas sombras e a verdade é uma miragem, A Desconhecida de Peter Swanson nos mergulha em uma trama de suspense inquietante. George Foss, um homem comum com um passado não resolvido, se vê irresistivelmente atraído por uma figura enigmática de sua juventude, que retorna para abalar seu mundo pacato.
Eu estava ansiosa para ler esse livro por dois motivos: primeiro, por ser classificado como suspense; segundo, porque a sinopse descreve “uma história sombria, em uma atmosfera romântica e um quê de Hitchcock”. Comecei a leitura empolgada, mas, no final, não estava tão envolvida.
Com essa descrição, esperava encontrar uma narrativa que me provocasse pavor, inquietação e temor. Essas expectativas se basearam em estudos que afirmam que as histórias hitchcockianas abordam teoremas morais, onde culpa e pecado, a dicotomia entre realidade e aparência, angústia e suspeita, ganham uma dimensão mais profunda.
No entanto, não acho que Peter Swanson tenha alcançado essa profundidade. Acredito que Swanson se aproxima mais de Harlan Coben do que de Hitchcock. A Desconhecida tem muito em comum com Seis Anos Depois (resenha aqui). Isso é evidente para quem leu o livro de Harlan. Talvez a diferença resida nas questões de culpa e na dualidade entre realidade e aparência.
Apesar disso, devo ressaltar que a leitura de A Desconhecida foi mais prazerosa para mim do que Seis Anos Depois. Identifiquei-me muito mais com a escrita de Peter Swanson, mesmo achando que o personagem principal, assim como em Seis Anos Depois, é bastante ingênuo.
A Desconhecida: amor, traição e mistério
Em A Desconhecida, o protagonista é George Foss, um homem que leva uma vida pacata e mantém um relacionamento sem grandes arroubos de paixão com sua ex-namorada que não é bem uma ex.
O momento mais intenso de sua vida ocorreu há cerca de 20 anos, no primeiro ano da universidade, quando ele se apaixonou perdidamente por uma colega. Essa mulher desapareceu sem explicações após uma série de estranhas circunstâncias envolvendo usurpação de identidade.
Ao que parece, Foss nunca superou essa grande paixão. Agora, essa mulher voltou e pede um favor a ele (um pedido que qualquer um recusaria). O protagonista, sem pensar duas vezes, aceita. E aqui entra a estupidez de George Foss: ele comete erros bobos, fazendo o leitor ter vontade de gritar com ele.
A história é narrada em terceira pessoa, alternando entre duas linhas do tempo: o presente e o passado da época em que George conheceu a desconhecida. O George do presente sabe muito bem do que Liana é capaz, e mesmo assim se deixa envolver.
A Desconhecida é uma mistura de gêneros suspense e policial, mas, para mim, apresenta falhas em ambos, especialmente no suspense. Entretanto, é um entretenimento interessante, principalmente pela escolha da estrutura narrativa. Se eu fosse escrever um livro, escolheria essa mesma estrutura.
O personagem principal se deixa envolver em uma trama por necessidade de estar próximo de uma mulher cuja índole já conhece, devido a fatos passados. Ele tenta justificar seu comportamento, mas não convence.
A narrativa tenta prender o leitor com o artifício do falso culpado e a incerteza sobre quem seria o antagonista. Contudo, é visível para o leitor, devido à natureza furtiva da personagem Liana desde o início. Como quase sempre acontece comigo, em A Desconhecida, a antagonista foi a que mais me chamou a atenção. Eu queria saber mais sobre sua natureza imperfeita, que parece refletir a complexidade do ser humano, em vez de oferecer uma resolução fácil para traumas da adolescência.
Recomendo o livro para os leitores de Harlan Coben. Não sei se os fãs apaixonados por Hitchcock sentirão a presença do mestre do suspense representada nesta obra. Provavelmente, não. O trailer abaixo é bem interessante. Ah, e acho que o título brasileiro se relaciona mais com a história.
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A desconhecida
Peter Swanson
Título original: The girl with a clock for a heart
Gênero: Suspense
Editora: Novo Conceito
Número de Páginas: 288
Edição: 2015
Avaliação: ★★★
Sinopse: Uma história sombria, em uma atmosfera romântica e um quê de Hitchcock, sobre um homem que fora arrastado para uma trama irresistível de paixão e assassinato quando um antigo amor reaparece.de mentiras. Em uma noite de sexta-feira, a rotina confortável e previsível de George Foss é quebrada quando, em um bar, uma bela mulher senta-se ao seu lado. A mesma mulher que desaparecera sem deixar vestígios vinte anos atrás. Agora, depois de tanto tempo, ela diz precisar de ajuda e George parece ser o único capaz de salvá-la. Será que ele a conhece o suficiente para poder ajudá-la?