Home Resenhas Resenha || A rainha vermelha | Victoria Aveyard

Resenha || A rainha vermelha | Victoria Aveyard

por Nilda de Souza

O gênero distópico é um dos meus preferidos; acho que já mencionei isso aqui mais de uma vez. Desde o lançamento de A Rainha Vermelha, eu estava ansiosa para conferi-lo. O que me encanta nas narrativas distópicas é que, por meio delas, podemos refletir sobre as estruturas sociais e os regimes políticos que organizam as mais diferentes sociedades. E, mesmo que você ache que esse gênero já esteja saturado, sempre há algo novo para discutir e refletir — seja no enredo, nos personagens ou na estrutura narrativa.

Em A Rainha Vermelha, encontramos uma sociedade dividida entre sangue prateado e sangue vermelho. Os prateados têm poderes e ditam as regras; estão no topo da estrutura social. Já os vermelhos não possuem poderes e são subjugados, vivendo sob um controle rígido, em condições sub-humanas, e lutando as guerras dos prateados.

A protagonista, Mare, é uma vermelha que tem consciência do sistema político-social em que vive e sonha com uma sociedade diferente. Ela mora em um vilarejo chamado Palafita (justamente porque os casebres são palafitas) e trabalha como batedora de carteiras para ajudar nas despesas de casa.

As perspectivas de vida dos vermelhos são extremamente limitadas. Ou vão para a guerra, ou exercem atividades que não são dignas dos prateados. Mare já tem seu destino traçado: irá para a guerra, assim como seu pai e seus irmãos.

A trama ganha um clima de ação quando Mare começa a viver entre os prateados e toma uma decisão que mudará a vida de todo o reino. Além disso, ela descobre que tem poderes, o que a deixa confusa tanto em relação a essa nova realidade quanto ao seu novo estilo de vida entre luxo e ostentação de habilidades.

A história se passa em um futuro muito além da nossa época, onde a humanidade, como a conhecemos, foi extinta devido a guerras. O que restou está dividido entre os que têm sangue prateado e os de sangue vermelho.

A Rainha Vermelha: desigualdade social

A leitura de A Rainha Vermelha foi prazerosa, apesar de alguns pontos que me incomodaram. Não me refiro aos poderes dos prateados, que lembram bastante os dos X-Men — por exemplo, Mare controla a eletricidade, algo que eu já esperava, pois li várias resenhas que mencionavam essa semelhança.

O que realmente me incomodou foram as decisões da protagonista. Mare confia rapidamente em pessoas que não conhece. Para mim, faltou astúcia tanto dela em relação aos rebeldes quanto em sua interação com os príncipes. Claro que devemos considerar que Mare é apenas uma jovem de dezessete anos. Há ainda outras inconsistências na narrativa.

Ela sabe muito bem que os prateados manipulam o povo de forma cruel. A narrativa começa com ela abordando essas questões, mas parece que, ao longo da trama, ela esquece tudo e acha que pode jogar um jogo cujas regras ainda não conhece.

Mare também é alertada sobre possíveis traições, mas não demonstra cautela. Assim como ela, os rebeldes me pareceram um tanto ingênuos, sem uma cabeça inteligente por trás. Seus planos são frágeis. O fato é que tudo é muito mais complicado do que Mare poderia imaginar.

Por outro lado, essas falhas oferecem espaço para que tanto Mare quanto os rebeldes evoluam no próximo livro.

Eu normalmente não foco muito no romance em distopias, mas em A Rainha Vermelha ele é importante, já que a constituição da personagem é o resultado direto do romance. Isso torna indissociáveis as discussões sobre traição, manipulação e amor, mostrando como relacionamentos podem ser usados como ferramentas de manipulação. As emoções dos personagens estão intrinsecamente ligadas às suas lutas e decisões.

Entretanto, fiquei torcendo para que Victoria Aveyard não optasse pela saída previsível em relação ao envolvimento amoroso da protagonista. Infelizmente, ela acaba seguindo esse caminho. Somente Mare e os rebeldes não desconfiam da possível traição.

O livro tem vários pontos interessantes. As descrições das cenas de ação são bem elaboradas; Victoria Aveyard faz isso muito bem. Além das questões ditatoriais e das minorias que detêm o poder, o livro também aborda questões ambientais e de saúde, mostrando que no jogo do poder as regras têm tons de cinza, tornando difícil distinguir o que é bem e o que é mal. O leitor pode sempre relacionar isso com a realidade.

Se você é fã de distopias voltadas para o público jovem, não deixe de ler A Rainha Vermelha. Agora é hora de partir para o segundo livro!

O Ave, livro faz parte do Programa de Associados da Amazon. Se você fizer sua compra através do meu link, receberei uma pequena comissão, o que me ajuda a manter o site no ar. Sua contribuição é valiosa. Obrigado por apoiar meu trabalho!

Voce pode gostar

Deixe um comentário

@2024 – All Right Reserved. Designed and Developed by PenciDesign

Todas as fotos e textos publicados são produzidos por Nilda de Souza, exceto quando sinalizado.