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Resenha || A Forma da Água | Guillermo Del Touro

por Nilda de Souza

A forma da água é um livro que traz um romance entre uma criatura aquática e uma “humana” (para quem leu vai entender as aspas) com o proposito de para passar uma mensagem sobre amor e representatividade. Eu tive boas surpresas, principalmente com os personagens secundários.  O livro tem uma linguagem simples, contudo aborda questões da natureza humana, das relações sociais, das angústias pessoais.

Sua narrativa é de fácil leitura e absorção, convidando o leitor a se envolver com os personagens a cada novo capítulo. O leitor terá cenas de ação, de ódio, de paixão, de crítica social, de tragédias pessoais, de reflexão.

A forma da água fala de racismo, misogenia, solidão

O livro é narrado em terceira pessoa, com capítulos curtos, alternado o foco entre os personagens.  Ambientado em Baltimore, no período da Guerra Fria. Toda a trama é permeada pelo o clima de competição em pesquisa científica entre EUA e a extinta União soviética.

A narrativa se desenvolve a partir do momento que Richard Strickland cumpre as ordens do general Hoyt de capturar o deus Brânquia, uma criatura mística que vive nas águas amazônicas. Strickland vive um verdadeiro inferno na amazônia brasileira, onde tem que sobreviver todas os perrengues, por mais depois de 17 meses , para enfim captura a criatura.

De volta aos Estados Unidos, Strickland não consegue mais se adaptar à vida em família. Ele já não é mais o homem que costumava ser. Talvez ele tenha deixado de ser um humano bem antes. Sempre cumprindo ordens do general Hoyt.

Bom, o fato é que a criatura vai ser objeto de pesquisa num centro ultrassecreto do governo. Strickland passa a ser uma espécie de vigia do deus, mais uma vez cumprindo as ordens do general.

Concomitante,  conhecemos Elisa, uma mulher muda,  órfã, que viveu num orfanato até a maioridade. Agora mora num pequeno apartamento, em cima de uma cinema decadente, e trabalha no turno da noite com no centro de pesquisa onde a criatura será analisada.

Os personagens secundários são: o vizinho de Elisa, Giles, um ilustrador fracassado; a melhor amiga de Elisa, Zelda, uma mulher negra que tem o sonho der ter sua própria empresa; e Lainie, a mulher de Strickland.

“É impossível que aquele homem não tivesse noção do que significaria para uma mulher negra ser encurralada por um branco com um aguilhão de gado.”

Acho que já deu para perceber que A forma da água me conquistou. É um livro que traz como pano de fundo um romance entre seres distintos, mas o foco mesmo é falar de questões bem atuais. A forma com o autor aborda o racismo e a misogenia é muito real. Strickland é um personagem asqueroso, que a gente odeia de cara. É um personagem bem construído. Aquele vilão que o leitor odeia. Ele é impossível de esquecer.

Um personagem que a gente cria empatia logo de cara é o Giles, um senhor solitário, assim como Elisa. Ele é gay e precisou viver a vida toda reprimindo quem ele é. Outra personagem que foi se apagando ao longo da vida é a mulher de Strickland. E uma mulher que se anulou para exercer somente dois papeis – esposa e mãe – quando, na verdade, ela ansiava por assumir o controle de sua vida e viver outros papeis.

Já Elisa, a protagonista, é uma flor que não desabrochou. Ela até tem lampejos de assumir a sua vida, como quando ela usa seus próprios os sapatos na trabalho. Mas foi com a chegada do deus Brânquia que Elisa começa a se transformar.

Eu li em ebook, mas mesmo assim pude apreciar as ilustrações que separam os capítulos. Na edição física com certeza é muito bonita. A forma da água é sim um bom livro. Não é uma obra prima, mas vale muito pelos temas abordados. Eu recomendo para quem gosta de contos de fadas modernos, com pitadas de erotismo.

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