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Cinema || O Mundo de Sofia | Erik Gustavson

por Nilda de Souza

Se você acabou de entrar na universidade e vai fazer um curso da área de humanas e que tem Introdução à Filosofia, esse texto é para você.

Aviso que o texto tem spoiler. Lembrando que ele é destinado ao leitor que quer entender melhor do que trata O mundo de Sofia.

O filme O mundo de Sofia gira em torno de Sofia, de Alberto Knox, professor de filosofia, do Major Albert Knag e de Hilde Knag, filha de Albert Kang. Há ainda os personagens secundários: a mãe de Sofia; o pai, um capitão de navio, que não aparece na história, mas é mencionado; a melhor amiga de Sofia, Jorunn; Georgie, um amigo da escola; o professor da escola. Há também personagens animais: um cão, que depois descobrimos que é o filósofo Knog; um gato; uma cabra.

No filme O mundo de Sofia, já no início, as personagens Sofia e Jorunn, a amiga e vizinha, conversam sobre se os pássaros pesam e o que eles pesam de nós. A partir desse ponto, acompanhamos Sofia em sua busca pelo conhecimento.

Às vésperas de completar quinze anos, os questionamentos de Sofia só aumentam.  Ela começa a receber bilhetes e cartões postais. Os bilhetes são anônimos, e trazem questionamento à Sofia: “quem é ela?” “de onde vem o mundo em que vivemos?”. Ela busca respostas com a mãe, mas não tem as respostas que satisfaçam. Na escola, o professor também não consegue dar respostas. Os amigos da escola também não conseguem entender do que Sofia está falando. Uma das questões abordadas por Sofia é se existimos ou não. Somos personagens de uma fantasia, de uma novela?

Sofia descobre que bilhetes são de um filósofo chamado Alberto Knog, que irá se tornar seu professor de filosofia. Juntos, os dois percorrem o desenvolvimento do pensamento filosófico, desde a Grécia antiga à modernidade, passando pela Idade Média, pelo Iluminismo, pela Revolução Francesa e pela Revolução Russa até os tempos modernos. Os postais foram mandados do Líbano, por um desconhecido chamado major Albert Knag, para uma pessoa chamada Hilde Knag, que Sofia igualmente desconhece.

Aos pouco vamos descobrindo quem são Alberto Knax, Hilde, Knag e a própria Sofia.

Com uma narrativa fragmentada, o filme O mundo de Sofia nos apresenta os princípios filosóficos, numa viagem pelos Períodos da história da humanidade. O primeiro a ser apresentado vai da Grécia Antiga até o período Helênico. Por meio de uma redação escolar de Sofia ficamos sabendo como os homens explicavam aquilo que eles não entendiam – a mitologia grega.

Depois, Alberto vai conduzindo Sofia e, portanto, nós também, pela viagem do conhecimento. Por meio de um vídeo enviado a Sofia, Alberto aparece na Grécia, berço da filosofia. No vídeo, Alberto fala de Sócrates, Platão, Aristóteles.

Em seguida, Alberto nos conduz para a Idade Média, que durou 1000 anos. Neste período a Igreja dominava o pensamento. Um dos grandes filósofos desse tempo foi Tomás de Aquino. Ele sustentava que Deus se revelava na Bíblia e na razão. Foi também neste período que houve a peste negra, que arrasou a Europa, matando milhares de pessoas.

“O que renasceu?” E Albert responde: “Os ideais da Grécia antiga”

Entramos no período do Renascimento. Alberto apresenta a Sofia uma bússola, invento importante para o Renascimento, pois permitiu aos exploradores encontrar novos continentes. Durante o Renascimento os filósofos se dedicaram à ciência. Então, Sófia pergunta: “O que renasceu?” E Albert responde: “Os ideais da Grécia antiga”. Neste período, permitiu-se às pessoas a voltarem a ter curiosidade pelas coisas. O enxofre foi a substância do momento.

As grandes personalidades do Renascimento foram: Shakespeare – escreveu dramas, como Hamlet, Romeu e Julieta, Macabet, Rei Lear; Nicolau Copérnio – descobriu que a terra gira em torno do sol. Antes do Renascimento se pensava que a terra era o centro do universo. A Igreja não permita novas ideias. As ideias de Copérnio levaram 300 anos para serem aceitas.

Leonardo Da Vinci, outra grandes personalidades do Renascimento, se destacou na arte e na ciência. Foi arquiteto, matemático e engenheiro. Pintou a tela “Mona Lisa”. Outro grande artista, rival de Leonardo, foi Michelangelo. Também foi neste período que se inventou a imprensa, por Johannes Gutenberg. Na filosofia, Francis Bacon foi um dos grandes destaques. Ele disse: “conhecimento é poder”.

Alberto Knox também fala de Descartes, que viveu no século 17. Descartes disse: “Penso, logo existo”. Ele acreditava que deveríamos duvidar de tudo.  Também ficamos sabendo de Georgie Berkeley, bispo anglicano irlandês (1685-1753). Ele e Tomás de Aquino argumentavam que fé e filosofia se entrelaçavam. Berkeley acreditava que o espírito é superior a matéria. Para ele, a percepção de tempo e do espaço só existe na nossa mente.

Revolução Francesa

Alberto Knox nos guia pela Revolução Francesa. Segundo o filósofo, alguns anos depois da morte de Berkeley houve a Revolução Francesa (1789). O povo se rebelou contra o rei a nobreza. Lutaram para se libertarem da opressão. Nessa época, alguns tinham privilégios que eram pagos por outros. As pessoas eram tratadas diferentemente segundo seu nascimento. Era uma sociedade de classes, não existia igualdade. A Igreja dominava. Os nobres também desfrutavam de enormes privilégios. Quem se destacou nesse período foi o filósofo Rousseau. Ele acreditava que o homem possuía certos direitos naturais.

Robespierre, lider da Revolução, admirador de Rousseau, empregou a violência a todos que ousou discordar de seus métodos. Ele os chamava de inimigo do povo. Para Albert, os filósofos foram mal interpretados. Em vez de métodos democráticos empregaram a violência e o terror.

Olímpia de Gueges criticou a violência empregada por Robespierre e foi guilhotinada, em 1971. Olimpia escreveu “A declaração dos direitos das mulheres”, explicando que o poder pertence ao povo. Que o povo compõe-se de homens e de mulheres. Olímpia foi a primeira mulher que, publicamente, exigiu a igualdade entre os sexos.

Alberto também cita outros pensadores e artistas, como Emanuel Kant; Frederich Nietzsche, que disse: “Deus morreu”. Nietzsche pensava que deveríamos reexaminar todos os nossos valores; Soren Kierkegaard, dinamarquês.

Entramos na Era do Romantismo, que foca na natureza e no gênio criador do artista. Alberto cita a ária Don Giovanni de Mozart. Fala de Goethe, que escreveu “As tristeza do jovem Werther” e influenciou toda uma geração. Houve gente de se suicidou por ler o livro.

Hegel fala sobre tese, antítese e síntese. Ele dizia que nossos pensamentos são dialéticos, que ele surge de pensamentos anteriores.

Também Alberto conduz Sofia pela Revolução Russa. Lênin dizia: “Pão para o povo, terra para os fazendeiros, paz ao país e poder aos soviéticos.” Somos introduzidos à dialética de Hegel, que é a base do Marxismo, do “Manifesto Comunista.”

Ainda vemos Sofia em uma sessão como Sigmund Freud, que foi precursor da psicanálise, método terapêutico para trata mentes doentes.

No filme, ainda há referência a Jean Pablo Sartre, filósofo existencialista. Também é mencionado a Teoria do Big Bang, sobre a criação do mundo. Ao longo do filme, vemos Sofia descobrir que todos em seu mundo são personagens de uma história contada por Albert Knag à sua filha Hilde (a todo o momento surge na tela personagem como: Robin Hood, Os três mosqueteiros, O Pinóquio). Enquanto o major servia às Nações Unidas – ONU, no Líbano, ele escrevia à filha sobre a história da humanidade.

Sofia ao descobrir que também é uma personagem decide que, para sobreviver, precisará fugir da história, junto com Alberto Knox. Eles elaboram um plano que será posto em prática no dia do aniversário de 15 anos de Sofia. No entanto, já no “mundo real”, eles percebem que todos os personagens dos livros são figuras históricas e que vivem para sempre, como as ideias de Platão.

Bom, espero que esse texto possa contribuir para quem está iniciando na universidade. Eu adoraria ter encontrado algo mais esquematizado quando fiz Introdução à filosofia.

Texto publicado anteriormente no Os nós da rede

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Blog | Retrospectiva 2015 | Garagem blue cult abril 22, 2019 - 10:42 pm

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