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Bom dia Verônica | Ilana Casoy e Raphael Montes

por Nilda de Souza

Bom dia, Verônica foi uma leitura eletrizante. Eu não conseguia largar o livro. Adorei o final. Agora estou com muita vontade de saber o que a Verônica anda fazendo por aí.

Bom dia, Verônica, de Ilana Cosay e Raphael Montes, DarkSide Books, está na sua segunda edição, com capa nova linda. E vai virar série Netflix. A primeira edição saiu com o codinome Andrea Killmore. Só a pouco tempo a DarkSide revelou que o livro foi escrito a quatro mãos. 

A narrativa se centra na vida de Verônica, uma secretária/escrivã da polícia civil de SP, casada e mãe de duas crianças. Ela trabalha com o delegado Carvana, um homem que já não tem mais saco para o trabalho que exerce. Ele só está esperando o dia de se aposentar. 

Trabalhar como secretária não é bem a vida que Verônica almejou. Filha de policial, Verônica gostaria de seguir os passos do pai, no entanto uma tragédia envolvendo seus pais a empurrou para a vida de secretária.

Um dia na delegacia, que parecia ser só mais um dia entediante na vida de Verônica, uma mulher, muito abalada, sai da sala do delegado e acaba cometendo suicídio bem na sua frente. A mulher impressiona Verônica e, ela vê nessa tragédia uma oportunidade para mostrar que pode ser uma grande investigadora.

Um thriller brutal

Em outro núcleo da narrativa, conhecemos Janete, casada com Brandão, um PM, que aparentemente é só mais um PM da grande SP. Janete leva uma vida solitária, abusada física e psicologicamente pelo marido. Ela já não aguenta mais a vida que leva e pede socorro a Verônica.

Verônica, ao receber a ligação de Janete, percebe que os dois casos podem ser sua porta de entrada para vida de investigadora. 

O problema é que Verônica não tem experiência com investigação e os dois casos que tem em mãos são desafiadores, chocantes e brutais. Um necrófilo que dopa suas vítimas com boa noite Cinderela e, outro, um serial killer que leva uma vida sem levantar suspeita. Verônica até pede ajuda ao delegado, mas como ele é só mais um servidor público sem motivação. 

Vamos falar das personagens femininas

A narrativa traz duas personagens complexas e assustadoramente reais. Verônica vivi em casamento morno. Eventualmente, trai o marido, mas como é só sexo, na consciência dela não há um dilema moral a ser problematizado. Além disso, ela não é uma mãe no sentido tradicional que a sociedade exige desse papel. Ela ama os filhos, mas não sente necessidade de ficar com eles o tempo todo. Como dona de casa, Verônica também não se sai como o esperado socialmente. Por exemplo,  ela não abastece a geladeira, esquece o leite das crianças. A vida profissional de Verônica também não a deixa feliz. Com os dois casos ela ver, finalmente, a oportunidade de fazer algo significativo. Ela se sente viva, finalmente.

Janete é mais uma vítima de violência doméstica. O perfil da Janete é a de muitos mulheres: acreditou na promessa de um príncipe encantado, foi afastada da família, dos amigos, não tem redes sociais, mal pode ir ao mercado, passa os dias cuidando da casa, fazendo comida, vendo TV e fazendo palavras cruzadas. E tudo isso não é suficiente. Ela está presa financeiramente, mas, principalmente, psicologicamente a seu carrasco.

Bom dia, Verônica discute questões que me agradam muito. Tem uma personagem que não se encaixa em papéis definido socialmente. Verônica não é uma personagem certinha. Ela é egoísta, por isso não pediu ajuda, porque ela queria a gloria para si.

É um livro que traz temas difíceis. Há cenas fortes de violência, que podem disparar gatilhos, então não recomendo para pessoas que não estão bem psicologicamente. 

Ilana e Raphael foram muito eficiente na construção da narrativa. A linguagem é fluida, sem enrolação com mistérios que, na maioria das vezes, só atrapalham o andamento da narrativa. Temos dois vilões psicopatas, cada um com sua psicopatia, sendo as duas terríveis. As duas investigações conduzidas por Verônica caminham muito bem, mesmo com as falhas da inexperiência,  e no final conseguem há unidade.

 

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