Quero convidá-los para conferir a entrevista que eu fiz com Andrew Pyper, autor de O Demonologista, Os condenados.
A Criatura é o novo livro de Andrew Pyper, publicado pela DarkSide. Depois do sucesso de O Demonologista e Os condenados, Andrew Pyper retorna em uma homenagem aos mestres do passado, um terror psicológico com forças sobrenaturais além de nossa compreensão. O encontro de Drácula e Frankenstein com Hannibal.
Fiquei muito feliz quando a Darkside me convidou para entrevistar o autor. Ele falou sobre suas obras, seu processo de criação dos personagens, autores que o influenciaram. Confira abaixo nosso bate-papo.
Nilda de Souza – Andrew Pyper, obrigada pela entrevista. Seus livros estão sendo publicados pela DarkSide Books e foram muito bem recebidos pelos leitores brasileiros. Estamos ansiosos pelo próximo lançamento. Como mãe de gêmeos, ler livros com personagens gêmeos é sempre uma experiência marcante para mim. Assistir o relacionamento dos meus filhos é interessante. Eles brigam, mas eles também se protegem. Então eu tenho que perguntar algo sobre o Os Condenados, se você não se importa – para criar Danny e Ash, você fez alguma pesquisa?
Andrew Pyper – Eu pesquisei para Os Condenados em várias frentes, mas especificamente para o relacionamento dos gêmeos o que usei como ponto de partida são os gêmeos fraternos de um bom amigo meu. Como você disse sobre os seus próprios filhos, os gêmeos dele eram crianças muito diferentes, que muitas vezes brigavam, mas também se entendiam de uma maneira fundamental – até misteriosa. Essa conexão me intrigou, principalmente porque poderia acontecer em uma história em que esses gêmeos, tão ligados, seriam separados entre a vida e a morte.
Nilda de Souza – O final de O Demonologista divide opiniões. Alguns leitores acharam muito aberto, apressado e surreal. Eu particularmente achei isso bom porque eu não gosto de narrativas pedagógicas. É uma delícia ler um livro que não me pega pela mão e me entrega muito. Como você lida com as críticas negativas?
Andrew Pyper – Escrever é em si um convite para ser lido e, nesse sentido, sempre aceitei que as pessoas lerão meus livros à sua própria maneira, responderão de acordo com seus próprios gostos e expectativas. É assim que deve ser, é claro. Como escritor, eu posso controlar o resultado da história que tenho na cabeça (o máximo possível), mas as reações dos leitores são inteiramente fora do meu controle. Eu aceito e abraço isso. Eu sempre vou preferir uma reação forte (mesmo negativa!) do que nenhum impulso de reagir.
Quanto ao final de O Demonologista especificamente, eu sempre pretendi que os personagens se encontrassem em um estado de graça. É o “mundo real” ou algum outro estado de existência? Para mim, essa pergunta liga a história ao literal, quando o tempo todo aquilo foi uma jornada para o espiritual.
Nilda de Souza – No Brasil, se discute muito sobre baixa literatura ou comercial e alta literatura, obras que estarão na história. Você pode falar um pouco sobre como essa discussão acontece no Canadá? O que torna um texto diferente para você, independentemente de gênero e estilo?
É interessante ouvir que a discussão cultural da literatura está acontecendo no Brasil como acontece aqui. Para mim, acho a ideia de que “ficção literária” está acima da “ficção comercial” é falsa e difícil de defender quando você discute os trabalhos em si e não apenas as categorias que eles supostamente representam. Existem romances literários previsíveis, incontestáveis e repletos de clichês que ganham prêmios a cada ano, e romances comerciais que apresentam ideias originais, escritas consistentes e um envolvimento profundo. E vice versa. Pessoalmente, não estou interessado em estar “acima na hierarquia” ou algo do gênero. Eu quero criar uma história em que essas distinções não importem porque o leitor está envolvido e uma nova mitologia é criada no processo.
Nilda de Souza – Ler suspense e horror funciona como catarse para mim, no fim me sinto relaxada. Para você, como um escritor cético, como é trabalhar com os temas de demônios e sobrenatural?
Acredito que o sobrenatural seja uma maneira de explorar o que é misterioso: amor, sexualidade, de onde viemos e para onde vamos após a morte. Não é sobre o horror que o sobrenatural pode trazer e sim sobre nos questionarmos o que é o “impossível”.
Andrew Pyper – Quais livros e autores influenciaram mais o seu estilo?
Muitos! Mas acho que as três vozes mais fortes no meu trabalho desde o começo são Alice Munro, Henry James e Stephen King.
Nilda de Souza – Muito obrigada pela sua atenção!
12 comentários
Mulher do céu, eu amei essa entrevista. E eu preciso muito desse livro novo. A verdade é que eu quero o box. Então preciso vender, trocar, dar de presente os outros. hhahahaha
Que sensacional saber um pouco mais sobre o autor. Ainda mais que no meu nicho de conhecidos eu me sinto órfã gostando tanto dele, e adorando Demonologista, enquanto TODOS criticam.
QUE ENTREVISTA!!!!!! <3
Beijocas e obrigada por isso.
Carol, do Coisas de Mineira
Nilda, amei essa entrevista! Ainda não li nada do autor, mas gostei muito das perguntas que fez e de ver a opinião dele, especialmente sobre essa questão da literatura comercial e das críticas.
Oi Nilda.
Amei sua entrevista com o autor. Sou louca de vontade de ler qualquer um dos seus livros publicados pela Darkside, mas ainda não tive a chance de lê-lo. Preciso dar prioridade. Quem sabe eu consiga conquistar o box. Parabéns pela entrevista.
Bjos
Eu amei ler esta entrevista, pois sou fã do autor e estou lendo a criatura nesse momento <3
Ao contrário de muitos leitores, não me decepcionei com o Demonologista rs
Oi, tudo bem?
Confesso que nunca tive curiosidade de ler os livros do autor, por ser um gênero que não gosto. Porém, achei a entrevista muito interessante. Aliás, parabéns pelas ótimas perguntas! Deu para perceber que ele é um autor que se dedica muito e faz um ótimo trabalho de pesquisa para seus livros. Adorei a pergunta sobre a discussão literatura comercial e alta literatura, e concordo muito com a maneira como ele vê a questão.
Enfim, adorei a entrevista e conhecer mais sobre o autor.
Beijos!
Oi, que excelente entrevista. Gostei da resposta dela sobre alta literatura, isso é preocupação para teórico, autor tem que produzir, bastante consciente as palavras dela.
Olá, tudo bem? Que entrevista maravilhosa! Conhecia a autora só por nome, afinal terror não é uma área de leitura do meu conforto, porém pude sentir a simpatia dela nas respostas. Adorei saber que ela tem inspiração no rei do terror King! Ótima perguntas e ótima postagem. Adorei!
Beijos
Eu AMO entrevistas! Confesso que ainda não conhecia o livro e nem o autor, afinal, o gênero não faz parte do meu dia-a-dia. De qualquer forma, gostei de saber mais e principalmente quem inspirou a escrever o livro. Parabéns!
Beijos,
Que entrevista maravilhosa, Nilda! Eu ainda não li os livos do autor, mas quero muito ler O Demonologista. Achei o autor muito simpático e gostei das respostas dele, gostei também de ver como ele lida com as críticas negativas. Ah, a sua foto no início do post está linda!
Oi Nilda, tudo bem?
É a primeira vez que vejo uma blogueira daqui entrevistar o Andrew Piper e achei a entrevista muito boa e bem executada, devo dizer. Ainda não li nenhum livro dele, mas adoraria. Qual deles tu me recomendaria começar? Eu sei que ele tem uns três, todos pela Darkside Books. Ainda mais que eu adoro um terror dos bons!
Um beijo de fogo e gelo da Lady Trotsky…
http://www.osvampirosportenhos.com.br
Olá! Que entrevista mara! *__*
Ainda não li nada da autora, mas foi uma ótima oportunidade de conhecer um pouco melhor a pessoa por trás dos livros. Vou procurar pelas obras dela.
Bjs
Lucy – Por essas páginas
Eu nem consigo imaginar o quão especial e excitante tenha sido esse momento! Adorei a entrevista e conhecer um pouco mais do autor, mesmo sabendo que não lerei a sua obra. infelizmente esse gênero não é muito minha vibe, mas pelo visto é um livro e tanto para quem gosta do gênero.