Butcher Boy: infância sangrenta, Patrick McCabe, DarkSide Books traz a história de Francis Brady, o menino açougueiro.
A experiência de ler Butcher Boy possibilita olhar dentro da mente de um garoto com problemas psicológicos. É uma janela para um abismo. A estrutura da narrativa realça essa experiência, por ser um texto com pontuação peculiar, e narrado pelo protagonista.
A estrutura causa estranhamento de início, mas ela tem impacto gigante, pois amplia os significados. Francis, o menino açougueiro, paranoico, insano, violento, talvez psicopata. Mas é também só um menino sem proteção, sem amparo.
Um garoto que a família não tinha a menor condição de cuidar, pois também estava esfacelada. Uma mãe deprimida, um pai alcoólatra. E a sociedade não o amparou. E ainda o violentou de uma das formas mais desumana possível. A perversidade das instituições é brutal.
Butcher Boy foi uma das histórias mais intensas que li nos últimos meses.
Do que fala Butcher Boy?
Histórias com crianças em que elas não são a representação da nossa idealização de candura sempre mexem muito comigo. Meus sentimentos vão do horror ao querer acolher. São leituras que levantam várias reflexões.
Francis, no início, até parece que é só mais um garoto travesso. Mas essas travessuras vão numa crescente até o ato final.
O pivô da paranoia de Francie é a família Nugent, que tem condições financeiras e hábitos ingleses, e isso tem um peso gigante para Francis.
Os Nugent representam tudo o que Francis não tem: estabilidade familiar e condições financeiras. E para piorar, ele perde a amizade do único amigo, o Joe. Isso o abala de uma forma irreversível.
É uma obra com muitas camadas. Butcher Boy também é um retrato de uma Irlanda pobre, explorada pelo Império Britânico por cerca de seiscentos anos.
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